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Por trás do comportamento: o que as crianças estão tentando comunicar?

  • anabiagioni6
  • 25 de jun. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de out.

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Como pais e cuidadores, é natural enfrentarmos momentos de desafio ao lidar com os comportamentos das crianças. Esses momentos podem ser frustrantes, mas também são oportunidades valiosas para ensinar e fortalecer o vínculo com nossos filhos.


oda criança fala através do comportamento — mesmo quando ainda não tem palavras para dizer o que sente.


Chorar, gritar, resistir, se isolar ou provocar não são apenas “atos de desobediência”: são formas legítimas de expressão.


Por trás de cada reação existe sempre um pedido — de acolhimento, de presença, de ajuda para reorganizar algo que ainda é grande demais para ser vivido sozinha.


Quando conseguimos olhar para o que está por trás, deixamos de reagir automaticamente e passamos a nos conectar de verdade.


Comportamento é comunicação


Crianças pequenas ainda estão aprendendo a reconhecer e nomear emoções.


Enquanto esse processo não está maduro, o corpo fala: o choro, o silêncio, a recusa, o impulso, o afastamento. Tudo isso é comunicação.


O papel do adulto não é “controlar” o comportamento, mas traduzir o que ele expressa.

É observar e se perguntar:

“O que essa criança está tentando me dizer com isso?”

Uma criança que grita pode estar pedindo para ser vista.

Uma que empurra pode estar dizendo que precisa de espaço.

Uma que se recusa pode estar dizendo que está cansada demais para continuar.


Quando o adulto escuta com o olhar e com o coração, o comportamento deixa de ser um problema e se transforma em um ponto de encontro entre o que a criança sente e o que ela precisa aprender.


A empatia vem antes da orientação


Em muitos momentos, a vontade do adulto é agir rápido: corrigir, explicar, impor um limite.Mas a criança só pode aprender depois de ser acolhida.


A empatia não é conivência — é o primeiro passo para o aprendizado.

“Eu entendo que você queria continuar brincando. Agora é hora do banho. Eu posso te ajudar a guardar os brinquedos.”

Quando a criança se sente compreendida, o corpo relaxa e a mente se abre para escutar.


A empatia não resolve o conflito sozinha, mas cria o ambiente emocional seguro para que o ensinamento aconteça.


Conexão: a base de toda cooperação


A cooperação nasce do vínculo, não do controle.

Uma criança que se sente amada e conectada com seus cuidadores tende a colaborar com mais naturalidade.


Essa conexão se constrói nos gestos simples: brincar juntos, conversar, ler um livro, olhar nos olhos, compartilhar o silêncio.


Esses momentos de presença fortalecem o laço e reduzem comportamentos que pedem atenção.


Conectar-se antes de corrigir é um dos pilares para uma parentalidade emocionalmente consciente.


É isso que ensina, no cotidiano, que o amor não depende do comportamento — e que o adulto continua sendo porto seguro, mesmo quando coloca limites.


Oferecer contorno, não controle


Limites são fundamentais — eles dão forma à experiência da criança e ajudam-na a se organizar internamente.


Mas limite não precisa vir com dureza.


O contorno é o que protege e orienta; o controle é o que sufoca e distancia.

Podemos ser firmes sem sermos ríspidos.

Gentis sem sermos permissivos.

“Eu não vou deixar você bater. Eu estou aqui para te ajudar a se acalmar.”
“Não é seguro subir aí. Vamos pensar juntos em outra forma de brincar.

O limite apresentado com calma e coerência comunica segurança.

Quando o adulto mantém o tom sereno e o gesto firme, a criança sente que o mundo é confiável.


O adulto como referência


A forma como reagimos às dificuldades da criança ensina mais do que qualquer explicação.


Se reagimos com gritos, ensinamos medo.

Se reagimos com indiferença, ensinamos desconexão.

Se reagimos com presença, ensinamos confiança.


O adulto é o modelo de regulação emocional da criança. Por isso, cuidar do próprio estado interno é parte essencial da educação.


Às vezes, a pausa, a respiração profunda e o olhar atento são mais educativos do que qualquer discurso.


Cuidar do comportamento é cuidar da relação


O comportamento não é o fim — é o começo da conversa.


Quando olhamos para ele como uma tentativa de comunicação, passamos a responder com curiosidade e empatia, não com reatividade.


Por trás do comportamento existe uma emoção viva, uma necessidade não atendida, um pedido de ajuda.

E é nesse espaço — entre o sentir e o compreender — que nasce o vínculo.


Cuidar do comportamento é cuidar da relação.

E é a qualidade relação e da presença que educa.


Com carinho,

Ana Biagioni — pedagoga e orientadora parental

Por uma infância mais livre. Por pais mais conscientes.

 
 
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